Tesão pela vida



A hipótese de se ter vida nova pós-quarentena é um debate atual. Como será o “novo normal” uma vez que o mundo todo entrou em ruptura? Assisti uma palestra do prof. Clóvis de Barros Filho falando sobre o tesão pela vida; a vida plena. Resumirei adaptando algumas ideias:

Desejo é o que falta de “vida” e ainda queremos. O processo civilizatório educa (escola, trabalho, família) para desejarmos o que não gere caos. A sociedade indica quais são os troféus autorizados; aqueles que corremos atrás da cenoura do nascimento à morte. 

Nessa toada, vivemos uma vida sem gozo. Escola sem gozo, faculdade sem gozo, trabalho sem gozo. Uns se tornam um “CEO” aclamado, pica das galáxias, achando que realizou e logo será substituído por outro iludido. E, então, sua vida despenca e ele compra um sítio com um lago para ter qualidade de vida. 

Não dá para esperar algo, “um milagre”, “uma herança”, acontecer. Precisamos ter consciência do próprio desejo que não é aquele plantado pela antiga televisão e agora redes sociais. É preciso agir! 

O tesão é o desejo (presente) somado à alegria (de desfrutar). É quando a gente faz algo e se sente preenchido, pleno, mais vivo do que antes de fazê-lo.  A alegria é essa capacidade de ficar melhor depois do que antes. Seja comer um galinhada, ler um livro, ver um filme, pintar um quadro, cuidar de um jardim, transar, encontrar alguém etc.

Alegria é encontrar uma pessoa, aquela que todas as vezes que você a encontra se sente melhor, saindo do encontro com sua potência vital maior. Sentindo-se pleno. Quem são as pessoas que fazem você se sentir assim? Que sempre é bom? Quais são as atividades que você realiza que sempre nutrem você? Tesão é desejo com alegria. 

É quando o instante vale por ele mesmo e sua mente não deseja ir nem para o passado e nem para o futuro. Sem nostalgia e sem antecipação. O momento é pleno e lhe dá intensidade vital. A vida pode se congelar ali. 

Então, independentemente, do “novo velho”, do “novo normal”, da vida com pandemia, permita-se uma vida plena sem espaço alternativo (e “se”), nem prá trás nem prá frente. Busque experiências que preencham o espírito com alegria.

Sem desejo não há transformação de si e nem do mundo. Consumo por si não preenche e você sabe disso. Acabamos de experimentar a vida menos consumista. O que ela lhe revelou? O tesão da vida deve estar onde a vida está agora. Reflita o valor dos troféus que você tem buscado adquirir e repare se eles lhe darão mesmo alegria. 

O que falta de vida e o que você ainda deseja? Terá alegria profunda? Vá em frente!
Quem e o que já lhe dão alegria? Valorize e multiplique!


Até mais, 
@solangeperpin

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